EXPO FAU DEBATE
COM / AVEC / WITH: André Mesquita + Jorge Bassani + Felipe Brait + José Arnaldo Fonseca de Melo
mediador: JAN NEHRING
quinta feira 18 de Novembro 19h40
PISO do MUSEU
é legal conseguir visitar O Estúdio 3, um estúdio interditado e que está sendo usado como instalação artística, é um ambiente chocante. Tem tambem a obra feita de lixo, um site/time-specific do lado de fora na frente grêmio, que dialoga bastante com a dinâmica que estamos tratando - trabalho de Jan Nehring, o mediador do debate.
E centenas de outros detalhes como as estalactites super evidentes de crescimento super rápido e até estalactites flutuantes que se estruturam a partir da rede de proteção azul...
ENFIM
A FAU COMO MICROCOSMO reflexo da DECADÊNCIA da CIDADE metropolizada" danielly o. m. m.
RESUMO da Ópera pós debate por José Arnaldo de Melo
Apesar do rebuscado título alcunhado pelos organizadores da EXPOFAU 2010, o debate ARTE, URBANISMO, VIAS, VEIAS E VIÉSES, ocorrido na noite de ontem no interior do prédio da FAU Cidade Universitária, não ficou aquém das importantes e muitas vezes polêmicas manifestações artísticas que, tomadas pelo comprometimento ante as questões urbanas de grande impacto social, refletem expressivos contextos pontuais, tanto no Brasil como em cidades estrangeiras.
O debate foi precedido pela apresentação do vídeo ARQUITETURA DA EXCLUSÃO, em que Felipe Brait focaliza, no Morro de Santa Marta, a construção do muro divisor entre a favela e a mata e, com isso, os impasses urbanísticos versus a presença da polícia “pacificadora” (armada). Fruto de seu trabalho em residência-artística no Rio de Janeiro (incluir instituição de fomento e período), o vídeo apresentado por Brait (ver com Brait ficha técnica mínima, como diretor, produtor, eventual patrocinador, data e minutagem) discute tais impasses extrapolando a “favela-bairro” para além de seus domínios territoriais e, sob o mote de um “Haiti Aqui” questiona o sentido da cidadania entre o apelo da paisagem urbana e a paisagem humana, ambas a partir de entrevistas com moradores locais, policiais “pacificadores” e outros que se declaram pró e contra a idéia de que “O Haiti é Aqui”.
Pontuando a sequência de apresentações pelos convidados, André Mesquita fez a leitura de um texto baseado em sua pesquisa de mestrado, ora no prelo para publicação (ver com o André o Título), Editora Annablume, no qual destaca uma série de movimentos artísticos arrolados nas últimas décadas e que chegam aos nossos dias com os possíveis rótulos de “arte engajada”, muito embora compreendendo arte e política numa única dinâmica social e urbana e que requer, grosso modo, o entendimento acerca do trabalho de arte como que liberto das instituições e das galerias de arte, tomando as ruas e ocupando-se de maior vínculo para com os desígnios das cidades.
Arnaldo de Melo apresentou imagens de seu trabalho de artista plástico-pintor (foi bolsista DAAD para a Academia de Arte de Berlim entre 1987 e 1990), lembrando que sua formação o levou a considerar estanques determinados campos de ação e produção artística. Contou que sua formação acadêmica e profissional esteve pautada em pelo menos três áreas distintas – arquitetura, artes plásticas e design gráfico – mas que, ao cabo de três décadas, embora não queira dispensar nenhuma dessas áreas como potenciais de ação, privilegia seu atual desempenho na discussão das políticas urbanas: é doutorando na FAU USP, com orientação da socióloga Maria Irene Szmrecsányi e, partindo de sua pesquisa de mestrado “cidade&saúde” (iniciada em 2008, com Bolsa FAPESP) aborda o projeto Nova Luz da prefeitura de São Paulo como objeto particular de análise.
O professor da FAU, Dr. Jorge Bassani, também apresentou imagens de suas obras artísticas, contextualizadas na cidade de São Paulo e parte de sua participação em grupos coletivos desde a década de 1970. Bassani pontuou uma série de ações articuladas por ele e outros artistas que, se não conhecidas pelas gerações dos mais jovens, foram importantes e serão sempre lembradas pelos que viveram os tempos duros da ditadura militar. Enfatizou a sua decisão pelo trabalho como professor universitário quando, em determinado ponto de sua trajetória, viu o trabalho coletivo dar lugar a sua projeção individual, que não conferia a ele um desejo de continuidade. Aos seus alunos na FAU, o professor disse enfatizar a produção de trabalhos artísticos expressivos como forma de compreensão face aos problemas urbanos e sociais, sendo, portanto, o seu intuito o desenvolvimento de ações interdisciplinares que, por sua vez, trazem à luz décadas de tradição da FAU que não podem e não devem ser esquecidas.
A partir dessas apresentações, o mediador Jan Nehring articulou questões iniciais que puderam envolver todos os presentes e os convidados, sendo o debate, finalizado às 22 hs, levado a um saldo positivo de discussões que, quiçá, encontre respaldo e possa articular ações vindouras por entre as VEIAS e VIÉSES da arte e do urbanismo. Respondendo às colocações que acabaram por enfatizar ou destacar mais especificamente o Nova Luz de São Paulo, o debate mediado por Nehring agregou muitos dos presentes, constituiu importante VIA de acesso aos aportes históricos e teóricos das manifestações artísticas e urbanas (Mesquita e Bassani), bem como sinalizou possíveis parcerias entre os alunos da FAU e os artistas convidados (Bassani, Brait e Melo) para, ao menos quanto ao Nova Luz de Serra e Kassab, elaborar e desenvolver eventual trabalho-manifesto e até mesmo justificar o privilégio de nossas capacitações para enfim, interagir e participar na formação de um campo de ação mais justo e pleno de cidadania.